Escuta, o dia vem
chegando.
O Bem-te-vi escondido
na mata está
te vendo
nesta vidinha
acanhada,
acabrunhada,
lenta e
preguiçosa.
É tempo de mudança.
Chegou a hora.
O sol quente,
ardente
iluminou o sertão.
Fez do céu
um mar
de ondas voláteis.
Nenhuma nuvem
no ar
prá fazer sombra no
chão.
A caatinga teimosa
onde a sussuarana
escondida e esquiva
dá o bote certeiro.
A cobra desliza
como um serelepe
num chão
abrasador.
A fogo-apagou
no areião faz
caracol.
O boi Fubá e
vaca Estrela
ruminam o capim
pouco e seco.
Quem disse que
chegou a
hora?
Na minha mansidão
penso na vida.
Na hora anunciada!
Era um anjo?
A cachaça?
Não bebo mais
de bucho vazio.
A gente escuta
assombração.
Cruz credo.
Sou um homem trabalhador.
Não tenho culpa
da chuva me causar
urticaria.
Dá uma coceira danada.
É falta de costume.
O sol também
não é meu amigo.
Me dá um suador...
tenho que tomar banho.
Me deixa fraco!
Procuro água e sombra
fresca e uma rede
prá deitar.
Uma viola prá tocar
em noite
de lua cheia e
a tristeza espantar.
Não quero muito.
Tem gente que trabalha
muito menos e
tem mordomias
de rei.
Lá pró lado de
Brasília.
Só me falta uma cabocla
prá beijar na boca
e balançar a
rede...
não gosto de
tanto esforço.
Espero um dia
Deus mandar novamente
maná dos Céus.
Gente...
Gente...
Prá escrever estes versos
trabalhei muito.
Chega!!!
Quincas MEIRA.